menino estudandoNo Brasil, até o momento, cerca de 7 mil famílias educam os filhos em casa na modalidade homeshooling. Em contraste, milhões de crianças estudam em escolas privadas e públicas. Porém essa discrepância nos dados não reflete a escolha pessoal das famílias, e sim a posição do governo brasileiro que até agora sempre foi hostil à modalidade de homeschooling, coisa que parece estar mudando em 2019.

Uma medida provisória promete regulamentar o homeschooling no Brasil, permitindo que famílias exerçam a educação domiciliar com seus filhos de forma livre e amparada na lei. Esse tipo de educação tem muitas diferenças em relação à escola, pois permite um ensino direcionado, focado no progresso individual do aluno, em vez de simplesmente colocar todos os estudantes em uma mesma categoria e velocidade conjunta. O modelo de ensino em casa também favorece um ambiente de maior proximidade entre os filhos e os pais, afinal – na maior parte das vezes – os pais ensinam os conteúdos para os filhos.

Justamente pelo fato dos pais ensinarem os filhos, alguns críticos do homeschooling dizem que isso abre espaço para doutrinação. Contudo, essas mesmas pessoas que são contrárias ao homeschooling como prática também são contrárias ao projeto escola sem partido, que tenta acabar com a doutrinação política nas salas de aula. Ora, se o estado pode doutrinar as crianças na escola, os pais não tem o direito de escolher o que os filhos irão aprender? Repare que a regulamentação do homeschooling não permite que as crianças sejam ensinadas sobre qualquer assunto sem restrição, pelo contrário, todo ano os estudantes precisam fazer uma avaliação para garantir que estão proficientes nas áreas de ensino fundamentais como português, matemática, ciências, geografia, história, artes, entre outros campos básicos de ensino. Essa proposta de ensino em casa não abre brecha para que crianças deixem de frequentar um ambiente de aprendizado, pelo contrário, apenas confere o direito aos pais de oferecer uma modalidade alternativa de ensino.

Sendo assim, cada família deve ponderar os benefícios e as desvantagens da educação domiciliar, para então tomar sua decisão de forma livre, conforme for mais conveniente. É evidente que, para muitas famílias, a melhor opção acaba sendo ensinar em casa, tanto pelos benefícios como pelo custo em comparação com o ensino escolar privado. Será interessante observar os testes que os pais começarão a realizar nos próximos anos, colocando o filho na escola por um tempo, depois estudando um ano em casa, e comparar os resultados para chegar a uma conclusão sobre o melhor modelo. Certamente muitos estudos de caso serão feitos e irão colaborar para uma clareza maior.